Marzia Grassi (Prato, Itália 1949 -) é doutorada em Economia do Desenvolvimento pelo ISCTE-IUL (2002), Mestre em estudos Africanos (CEA-ISCTE- 1997) e licenciada em Economia pela Universidade de Florença (1976)

Depois de muitos anos como professora titular na Escola Secundária em Roma (1976-1990) mudou-se para Portugal, onde reside desde 1990. Participou em várias missões de desenvolvimento em países africanos de língua portuguesa (PALOP) principalmente Angola e Cabo Verde e trabalhou como investigadora em ciências sociais no ICS-ULisboa entre 2002 e 2019, instituição em que é presentemente investigadora jubilada.

Ao longo do seu percurso académico a área de investigação principal teve em conta uma abordagem integrada sobre o tema do transnacionalismo, do género e desenvolvimento na Europa e em países africanos de língua oficial portuguesa.

Considerando a mobilidade de pessoas, bens e ideias que caracterizam o mundo contemporâneo nos últimos anos desenvolveu e conduziu diversos projetos, tanto na Europa como em países africanos nos quais explora uma abordagem metodológica inovadora com um forte potencial comparativo. O método de recolha de dados tem como base três diferentes premissas: localizações múltiplas; múltiplos tipos de migrantes (baixa escolaridade e migrantes qualificados); combinação de técnicas quantitativas e qualitativas, utilizando os inquéritos apenas por fins estatísticos.

Entre os vários  projetos de investigação que coordenou, tanto com financiamento nacional como europeu, tem resultados publicados: sobre o género e a migração cabo-verdiana em Portugal, Itália e EUA (Grassi e Évora 2007); sobre redes sociais e jovens migrantes de Cabo Verde e de Angola em Portugal (Grassi 2009); sobre redes sociais e mobilidade na sociedade Angolana contemporânea (Grassi 2010); sobre os efeitos da ilegalidade na migração entre África e dois países europeus, Portugal e Itália - (Grassi, M., Giuffré, M. (Eds.2015) ; sobre as consequências da conjugalidade entre casais transnacionais no duplo fluxo migratório entre Portugal e Angola (Grassi, M., Ferreira, T. (Eds.2016) -; sobre as modalidades de cuidados transnacionais entre Portugal e Angola e suas consequências na paternidade (Grassi et al. 2016);  sobre género e cidadania Europa-América latina-Africa (Grassi e Ferreira (eds) 2019; Grassi, 2018).

No âmbito destes projetos, recrutou e supervisionou um grupo de investigação, envolvendo a participação de jovens investigadores, a desenvolver os seus projetos de doutoramento, bem como investigadores de pós-doutoramento. Em 2010, e como resultado de um workshop da ESF – European Science Foundation, formou uma rede nesta área emergente - "Transnational Lives, Mobility and Gender” – que conta com membros seniores e juniores de todo o mundo (www.tlnetwork.ics.ul.pt) e uma publicação online – TL WP Series, sob o ISSN 2182-5718.

Os interesses de investigação em curso articulam a mobilidade e os seus processos identitários para estudar as migrações e a especificidade da organização familiar interna entre ilhas no arquipélago de Cabo Verde em comparação com a mobilidade transnacional para Portugal.

Foi Professora Convidada em várias Universidades e autora de 10 livros e 43 artigos científicos.