Marina Sofia Birrento Saraiva
Equipa de Orientação
Tese / Dissertação
Num quadro de baixa fecundidade, marcado pelo adiamento dos nascimentos, pela dificuldade em transitar para o/a segundo/a filho/a e pela elevada incidência de filhos únicos, a presente investigação procura compreender a relação entre a decisão de ter ou não ter o/a segundo/a filho/a e as condições do mercado de trabalho e das relações laborais, nomeadamente a sua genderização. Seguimos uma abordagem qualitativa, baseada em entrevistas a mulheres e homens qualificados, empregados nos setores público e privado, que viviam em casal e tinham apenas um filho ou uma filha menor de idade. Procurámos compreender como é que práticas, representações, valores e atitudes, no mercado de trabalho e ambiente organizacional, mas também na vida familiar e na conciliação, contribuem para o adiamento das decisões reprodutivas, nomeadamente a decisão da transição para o/a segundo/a filho/a. Concluímos que apesar de existir um ideal de dois ou mesmo mais filhos, incluindo no início da vida conjugal, a pressão exercida pelo mercado de trabalho, as dificuldades ao nível da conciliação e a sobrecarga familiar, em que as mulheres são as mais prejudicadas, promovem o adiamento dos nascimentos, dificultando, ou mesmo impedindo, a transição para o/a segundo/a filho/a. A estrutura genderizada da esfera pública e da esfera privada aprofunda um sistema de desigualdades sociais de género e que tem impactos nas decisões ao longo do percurso de vida, quer na trajetória profissional quer na trajetória familiar e percursos de parentalidade.