Preços, salários e rendas em Portugal: Séculos XIV a XX
Preços, salários e rendas em Portugal: Séculos XIV a XX
O presente Projeto é uma extensão significativa do projeto anterior - PWR Portugal 1500-1910 (PTDC/HAH/70938/2006) - e será desenvolvido praticamente pela mesma equipa. Duas circunstâncias justificam o alargamento agora proposto. Uma delas prende-se com o facto de não ter sido possível desenvolver plenamente o projeto inicial por a verba atribuída a este ter ficado aquém do pedido feito. A outra com o conjunto de dificuldades práticas com que o projeto original se defrontou, principalmente no domínio da acessibilidade às fontes a utilizar, algumas das quais estiveram fechadas à pesquisa durante a duração do projeto. Daqui que, embora os resultados obtidos tenham sido muito bons, tanto em termos da informação produzida, como das interpretações historiográficas que isto permitiu, muitas séries temporais não pudessem ser completadas, nem cobertas todas as regiões que se pretendia (Évora, Algarve, Viseu). O novo projeto ora proposto adota a mesma conceção, metodologia, procedimentos e inspiração historiográfica do seu predecessor, mas traz três melhoramentos importantes em relação ao conseguido pelo primeiro.
Um é a possibilidade de suprir as numerosas deficiências que resultaram da insuficiência de recursos ou da inacessibilidade das fontes, completando séries incompletas nos centros económicos já estudados. Realça-se aqui, exemplificativamente, as dificuldades em recolher informação adequada devido ao encerramento ao público do arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, o que afetou os dados para o século XVI no que toca a esta cidade, ou a ausência de índices para os arquivos de Évora, particularmente para o do Cabido, o que inviabilizou o estudo deste centro nos séculos XVI- XVIII. O segundo melhoramento que a extensão do projeto anterior pode acarretar é o alargamento do escopo geográfico da investigação. Este viu-se restringido na primeira edição a três regiões - Lisboa, Porto e Coimbra - pretendendo-se agora, com bom fundamento, estendê-lo ao Algarve, Évora e Guarda ou Viseu, depois de terem sido ultrapassados os problemas de acessibilidade às fontes e de insuficiência de fundos necessários para investigar fontes históricas nas regiões periféricas do País. O terceiro é a verificação apenas agora feita de que será possível, ao contrário do que era inicialmente suposto, dilatar significativamente o âmbito temporal do projeto em curso, recuando o seu início para o princípio do século XIV, graças à reabertura recente do Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Lisboa. A implicação disto é permitir um impulso extremamente inovador à reinterpretação da História Económica portuguesa no longo prazo, que se pretende com este trabalho, cobrindo agora o intervalo 1300-1910, algo que, internacionalmente, ainda só foi conseguido para Itália (Malanima, 2011). O projeto terá as mesmas três partes que o anterior. A 1.ª é o alargamento e melhoramento da base de dados de salários, preços e rendas em Portugal para o período de 1300 a 1910, e a recolha e construção de séries para três novas regiões. As séries serão temporalmente homogéneas, consistentes e comparáveis com trabalhos similares feitos noutros países, o que implicará reduzi-las a unidades métricas apropriadas e a valores equivalentes em prata e cereais. A 2.ª e 3.ª partes do Projeto terão uma função analítica baseada na informação recolhida. A 2.ª abordará questões interpretativas a nível nacional, designadamente a evolução da economia portuguesa na longa duração, revendo problemas como o do impacto da Expansão quinhentista ao nível macroeconómico e da distribuição dos seus benefícios, ou temas como as repercussões das guerras, calamidades naturais, retração e crescimento da economia colonial depois de 1600. Os primeiros resultados, já decorrentes do projeto inicial, apontam para conclusões surpreendentes nesta matéria, por exemplo, o declínio no PIB per capita no século XVI e o comportamento excecional da 1ª metade do século XVIII. A 3.ª parte do Projeto respeita à inserção do caso português numa rede, novamente em expansão, de pesquisa histórica sobre salários e preços. Isto pressupõe a sua integração no Global Prices and Income History Group, da Universidade de Davis, e a adição de uma dimensão portuguesa a este esforço mundial de análise comparada, do qual Portugal tem estado ausente. As comparações internacionais têm visto grosseiramente a Espanha e a Itália como casos paradigmáticos da Europa do Sul. Recentemente, a Turquia foi integrada neste esquema comparativo mas mantém-se a necessidade de contrapor o caso português. Daí que este estudo de caso venha a enriquecer o debate sobre: o declínio dos salários reais na Europa pós 1500; a questão da "Grande Divergência" entre o dinamismo do Noroeste e o "imobilismo" do Centro e Sul da Europa; e a evolução diferenciada do rendimento entre as nações e no interior das mesmas.
Preços, Salários, Nível de vida, Produtividade
O presente Projeto é uma extensão significativa do projeto anterior - PWR Portugal 1500-1910 (PTDC/HAH/70938/2006) - e será desenvolvido praticamente pela mesma equipa. Duas circunstâncias justificam o alargamento agora proposto. Uma delas prende-se com o facto de não ter sido possível desenvolver plenamente o projeto inicial por a verba atribuída a este ter ficado aquém do pedido feito. A outra com o conjunto de dificuldades práticas com que o projeto original se defrontou, principalmente no domínio da acessibilidade às fontes a utilizar, algumas das quais estiveram fechadas à pesquisa durante a duração do projeto. Daqui que, embora os resultados obtidos tenham sido muito bons, tanto em termos da informação produzida, como das interpretações historiográficas que isto permitiu, muitas séries temporais não pudessem ser completadas, nem cobertas todas as regiões que se pretendia (Évora, Algarve, Viseu). O novo projeto ora proposto adota a mesma conceção, metodologia, procedimentos e inspiração historiográfica do seu predecessor, mas traz três melhoramentos importantes em relação ao conseguido pelo primeiro.
Um é a possibilidade de suprir as numerosas deficiências que resultaram da insuficiência de recursos ou da inacessibilidade das fontes, completando séries incompletas nos centros económicos já estudados. Realça-se aqui, exemplificativamente, as dificuldades em recolher informação adequada devido ao encerramento ao público do arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, o que afetou os dados para o século XVI no que toca a esta cidade, ou a ausência de índices para os arquivos de Évora, particularmente para o do Cabido, o que inviabilizou o estudo deste centro nos séculos XVI- XVIII. O segundo melhoramento que a extensão do projeto anterior pode acarretar é o alargamento do escopo geográfico da investigação. Este viu-se restringido na primeira edição a três regiões - Lisboa, Porto e Coimbra - pretendendo-se agora, com bom fundamento, estendê-lo ao Algarve, Évora e Guarda ou Viseu, depois de terem sido ultrapassados os problemas de acessibilidade às fontes e de insuficiência de fundos necessários para investigar fontes históricas nas regiões periféricas do País. O terceiro é a verificação apenas agora feita de que será possível, ao contrário do que era inicialmente suposto, dilatar significativamente o âmbito temporal do projeto em curso, recuando o seu início para o princípio do século XIV, graças à reabertura recente do Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Lisboa. A implicação disto é permitir um impulso extremamente inovador à reinterpretação da História Económica portuguesa no longo prazo, que se pretende com este trabalho, cobrindo agora o intervalo 1300-1910, algo que, internacionalmente, ainda só foi conseguido para Itália (Malanima, 2011). O projeto terá as mesmas três partes que o anterior. A 1.ª é o alargamento e melhoramento da base de dados de salários, preços e rendas em Portugal para o período de 1300 a 1910, e a recolha e construção de séries para três novas regiões. As séries serão temporalmente homogéneas, consistentes e comparáveis com trabalhos similares feitos noutros países, o que implicará reduzi-las a unidades métricas apropriadas e a valores equivalentes em prata e cereais. A 2.ª e 3.ª partes do Projeto terão uma função analítica baseada na informação recolhida. A 2.ª abordará questões interpretativas a nível nacional, designadamente a evolução da economia portuguesa na longa duração, revendo problemas como o do impacto da Expansão quinhentista ao nível macroeconómico e da distribuição dos seus benefícios, ou temas como as repercussões das guerras, calamidades naturais, retração e crescimento da economia colonial depois de 1600. Os primeiros resultados, já decorrentes do projeto inicial, apontam para conclusões surpreendentes nesta matéria, por exemplo, o declínio no PIB per capita no século XVI e o comportamento excecional da 1ª metade do século XVIII. A 3.ª parte do Projeto respeita à inserção do caso português numa rede, novamente em expansão, de pesquisa histórica sobre salários e preços. Isto pressupõe a sua integração no Global Prices and Income History Group, da Universidade de Davis, e a adição de uma dimensão portuguesa a este esforço mundial de análise comparada, do qual Portugal tem estado ausente. As comparações internacionais têm visto grosseiramente a Espanha e a Itália como casos paradigmáticos da Europa do Sul. Recentemente, a Turquia foi integrada neste esquema comparativo mas mantém-se a necessidade de contrapor o caso português. Daí que este estudo de caso venha a enriquecer o debate sobre: o declínio dos salários reais na Europa pós 1500; a questão da "Grande Divergência" entre o dinamismo do Noroeste e o "imobilismo" do Centro e Sul da Europa; e a evolução diferenciada do rendimento entre as nações e no interior das mesmas.