Capital Social e Jovens descendentes dos PALOP em Portugal

Capital Social e Jovens descendentes dos PALOP em Portugal

As características das redes de capital social e o papel que desempenham na integração de jovens de origem africana em Portugal serão analisadas em torno dos dados recolhidos com um questionário aplicado a 400 jovens de origem cabo-verdiana e angolana na área da Grande Lisboa. A recolha de dados segue-se a quatro anos de pesquisa, desenvolvida através de entrevistas qualitativas a homens e mulheres de origem cabo-verdiana, em Portugal, Itália e EUA. Foram as entrevistas e a observação directa no meio de comunidades de imigrantes originários dos PALOP em Portugal, realizadas entre 2002 e 2007, que sugeriram a relevância do capital social, como objecto teórico e interpretativo das condições de integração dos imigrantes, no mercado de trabalho e na sociedade portuguesa. A questão do trabalho surge, no projecto migratório dos indivíduos e das suas famílias, como uma questão central, e o terreno sugeriu, que é nas redes de solidariedade étnicas e familiares que se pode encontrar o apoio necessário para favorecer a integração dos indivíduos, em particular dos mais jovens. Esta questão revela-se importante de uma forma particular quando as leis e/ou as dinâmicas económicas do país de acolhimento não garantem aos imigrantes um fácil acesso aos recursos, no mercado de trabalho formal. Quais são, então, as características das redes que se organizam em torno da solidariedade, que permitem aos imigrantes e as suas famílias de levar avante o projecto migratório? Em suma, qual é a natureza do capital social e a sua utilidade, por exemplo, na resolução da questão central, do acesso ao mercado de trabalho, dos jovens de origem africana, em Portugal?

Estatuto: 
Entidade proponente
Financiado: 
Não
Keywords: 

capital social, migrações, palop, integração

As características das redes de capital social e o papel que desempenham na integração de jovens de origem africana em Portugal serão analisadas em torno dos dados recolhidos com um questionário aplicado a 400 jovens de origem cabo-verdiana e angolana na área da Grande Lisboa. A recolha de dados segue-se a quatro anos de pesquisa, desenvolvida através de entrevistas qualitativas a homens e mulheres de origem cabo-verdiana, em Portugal, Itália e EUA. Foram as entrevistas e a observação directa no meio de comunidades de imigrantes originários dos PALOP em Portugal, realizadas entre 2002 e 2007, que sugeriram a relevância do capital social, como objecto teórico e interpretativo das condições de integração dos imigrantes, no mercado de trabalho e na sociedade portuguesa. A questão do trabalho surge, no projecto migratório dos indivíduos e das suas famílias, como uma questão central, e o terreno sugeriu, que é nas redes de solidariedade étnicas e familiares que se pode encontrar o apoio necessário para favorecer a integração dos indivíduos, em particular dos mais jovens. Esta questão revela-se importante de uma forma particular quando as leis e/ou as dinâmicas económicas do país de acolhimento não garantem aos imigrantes um fácil acesso aos recursos, no mercado de trabalho formal. Quais são, então, as características das redes que se organizam em torno da solidariedade, que permitem aos imigrantes e as suas famílias de levar avante o projecto migratório? Em suma, qual é a natureza do capital social e a sua utilidade, por exemplo, na resolução da questão central, do acesso ao mercado de trabalho, dos jovens de origem africana, em Portugal?

Objectivos: 
<p>O objectivo do projecto é questionar o papel das redes de capital social na integração de jovens de origem africana em Portugal através da comparação dos dados recolhidos por Questionário em duas comunidades originárias dos PALOP. Os dados recolhidos são usados em termos comparativos de forma a facilitar a análise do papel e das características das redes sociais na activação dos mecanismos de ajuda na integração em Portugal. A comparação entre as duas comunidades que partilham a mesma condição de ex-colónias portuguesas, mas que diferem nas dinâmicas culturais e nas condições políticas no período pós-colonial, vai contribuir para o debate teórico sobre a integração dos imigrantes dos PALOP no Portugal contemporâneo.</p>
State of the art: 
As an&aacute;lises sociol&oacute;gicas do capital social t&ecirc;m insistido sobre os benef&iacute;cios para os actores sociais em pertencerem a comunidades mais alargadas ou a redes e estruturas sociais colectivas (Portes e Landolt, 1996). Para Putnam (1993: 35-42), este car&aacute;cter colectivo do conceito torna mais f&aacute;cil a ac&ccedil;&atilde;o e a coopera&ccedil;&atilde;o em prol do benef&iacute;cio m&uacute;tuo. Na senda de Putnam, ao definir o capital social a partir de Bourdieu, outros autores p&otilde;em o enfoque sobre a confian&ccedil;a, as normas de reciprocidade e outros factores sociais que influenciam o com&eacute;rcio, as migra&ccedil;&otilde;es, as reformas econ&oacute;micas e as interac&ccedil;&otilde;es entre indiv&iacute;duos, necess&aacute;rios para o desenvolvimento econ&oacute;mico (Knack e Keefer, 1997). <br />Contudo &eacute; importante reconhecer que o capital social n&atilde;o &eacute; uma entidade &uacute;nica tendo uma natureza multidimensional. No &acirc;mbito das m&uacute;ltiplas dimens&otilde;es, trata-se de captar o chamado capital social de ?conex&atilde;o? (Woolcock 1999, Banco Mundial, 2000), um conceito ?vertical de capital social, que conecta as pessoas aos recursos institucionais pol&iacute;ticos e econ&oacute;micos, com a media&ccedil;&atilde;o das associa&ccedil;&otilde;es volunt&aacute;rias. Ao n&iacute;vel da media&ccedil;&atilde;o institucional, as associa&ccedil;&otilde;es constituem um canal privilegiado, por permitir a aproxima&ccedil;&atilde;o dos imigrantes aos mecanismos &uacute;teis &agrave; resolver certas quest&otilde;es quotidianas, dando mais seguran&ccedil;a e sentido de comunidade aos imigrantes, e estimulando a coes&atilde;o social e uma maior considera&ccedil;&atilde;o por parte da restante comunidade (Portes, 1995: 12/3). As cr&iacute;ticas &agrave; posi&ccedil;&atilde;o de Putnam apontam para o significado pol&iacute;tico do voluntarismo e para o tom elitista da argumenta&ccedil;&atilde;o, ao atribuir responsabilidades ao comportamento das massas esquecendo de par aquelas do establishment pol&iacute;tico e econ&oacute;mico (Skocpol, 1996: 25). Relativamente aos pa&iacute;ses em desenvolvimento, o Banco Mundial identifica a necessidade de medir o capital social nas comunidades pobres desses pa&iacute;ses. O capital social &eacute; descrito como o ?elo perdido? nos estudos sobre o desenvolvimento (Harris, 2002: 7;Grootaert et al., 2003). <br />As implica&ccedil;&otilde;es pol&iacute;ticas do conceito foram analisadas recentemente num estudo de caso sobre a liga&ccedil;&atilde;o entre capital social das associa&ccedil;&otilde;es cabo-verdianas e a integra&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica na regi&atilde;o de Lisboa (Horta e Malheiros, 2005). <br />No caso portugu&ecirc;s, o movimento de pessoas oriundas dos pa&iacute;ses de l&iacute;ngua portuguesa &eacute; uma constante na sua hist&oacute;ria. Se as correntes mais antigas se alicer&ccedil;am nos la&ccedil;os coloniais de formas diferentes de acordo com o per&iacute;odo considerado, a partir dos anos 90, as correntes migrat&oacute;rias contempor&acirc;neas misturam-se com os novos fluxos iniciados a seguir ao desmoronamento da URSS, no contexto da ?inven&ccedil;&atilde;o? europeia. Os novos chegados diferem dos antigos, da tradicional di&aacute;spora dos pa&iacute;ses africanos de l&iacute;ngua portuguesa, por muitas e complexas raz&otilde;es que n&atilde;o est&atilde;o ao alcance deste texto (Grassi, 2007: 24-34). A di&aacute;spora cabo-verdiana &eacute; uma di&aacute;spora antiga que diz respeito a um fen&oacute;meno p&oacute;s colonial, a um movimento carregado de significados identit&aacute;rios constantemente a ser redefinidos e carregado tamb&eacute;m de ideologias e interpreta&ccedil;&otilde;es e analogias que est&atilde;o ausentes nas novas correntes migrat&oacute;rias para Portugal como, por exemplo, aquelas oriundas dos pa&iacute;ses de leste.
Coordenador ICS 
Data Inicio: 
01/06/2007
Data Fim: 
01/12/2008
Duração: 
18 meses
Concluído