José Machado Pais desenvolve, nesta obra rigorosa mas de leitura cativante, uma análise da linguagem do corpo nos rituais de galanteria dos meios burgueses do século XIX em Portugal. Os jogos da sedução são pesquisados nos seus mais variados cenários: a missa, os confessionários, a rua, os bailes, os banhos de mar, o animatógrafo... Atenção é também dada as estratégias de conquista envolvendo a arte do beliscão, os jogos de prendas, as aproximações cínicas, a troca de bilhetinhos e cartas de amor, o namoro a janela, enfim, toda a sinalética comunicativa que fazia uso de olhares, missais, lenços, leques, sombrinhas, penteados, chapéus e bengalas.
A obra é enriquecida com sugestivas ilustrações que nos mostram como a distinção social se apoiava na aparência corporal, onde a imagem da mulher era particularmente valorizada. Neste clássico, que agora se reedita, José Machado Pais apresenta os rituais de sedução do sec. XIX como jogos de arte. Em que medida a sedução, nos tempos que correm, terá perdido o valor artístico da época de ouro da galanteria?