Objectivos:
<p> </p><p>Objectivo geral <br />Avaliar a imagem e as representações sociais actuais das áreas protegidas, nomeadamente entre as populações e grupos de interesse com actividade dentro ou nas imediações destas. Procurar-se-á uma perspectiva de diagnóstico que permita ajudar a delinear as linhas de acção pública na potenciação dos benefícios destas instituições, a partir da identificação dos constrangimentos e potencialidades da coexistência de comunidades locais com projectos de desenvolvimento sustentável local integrados ou vizinhos das Áreas Protegidas. <br />Objectivo Estratégico <br />Avaliar as dinâmicas de avaliação e reformulação das representações sociais das áreas protegidas pelas populações e grupos de interesse. Perceber que motivações, problemáticas, dificuldades, alternativas ao desenvolvimento e expectativas são as dos actores sociais mais directamente afectados pela instalação e permanência deste tipo de instrumento de preservação ambiental. <br />Objectivo operacional <br />Identificar as principais potencialidades e os principais constrangimentos associados às áreas protegidas e à imagem que a interacção quotidiana vai desenvolvendo entre as populações e os grupos de interesse mais directamente afectados.</p>
State of the art:
<p style="margin: 0cm 0cm 0pt">O processo de valorização/classificação das Áreas Protegidas (AP) foi, desde sempre, pautado por conflitos e dificuldades que derivam de uma animosidade resultante da pressão permanente exercida pelas actividades humanas e do modo de implementação levada a cabo pela administração central que decorre a imposição de uma legitimidade pública ou colectiva, que, não raramente, entra em choque com as necessidades e legitimidades locais, desqualificando ou até contrariando formas mais tradicionais ou mais efectivas, de apropriação, de consumo e de usufruto da natureza. <br />São várias as exigências a ter em conta na gestão das áreas protegidas. Há, antes de mais, que não menosprezar a necessidade de uma visão nacional de longo prazo que dê sentido e coerência a uma política global de conservação da natureza, fundeada na colaboração e coordenação entre os vários organismos e os vários níveis de administração pública envolvidos. Todavia, tal exigência não pode prescindir de uma abordagem integrada de ordenamento e de gestão individualizada que não descure o processo comunicativo com as populações locais e com os utilizadores, de forma a fomentar uma imagem positiva de cada uma das áreas protegidas e a potenciar o envolvimento público e o empenhamento das populações locais dentro e fora dos limites destas áreas. A população, as autarquias, os proprietários, a imprensa local, todos, de uma forma geral, têm algo a dizer nos processos de classificação e consequentes entraves ou catalisadores que estes instrumentos legais de protecção da natureza podem representar para o desenvolvimento. <br />Uma gestão eficaz deve promover o desenvolvimento das diferentes vertentes dos recursos existentes integrando a conflitualidade potencial de usos e de interesses inerentes a este tipo de instrumento de conservação. Na generalidade dos casos, a instalação de parques e áreas protegidas raramente correspondeu a uma reivindicação local, decorrendo geralmente de uma vontade imposta do poder central para ordenar o território e criar uma zona preservada ao crescimento descontrolado dos empreendimentos urbanísticos e económicos que ameaçavam os valores ecológicos que o relativo isolamento destas áreas ajudara a preservar. Talvez tenha sido esta origem pouco participada e pouco entendida pelas populações mais directamente envolvidas que tem vindo a dificultar a implementação de uma estratégia coordenada para alcançar o que deve ser objectivo central destas instituições. <br />A imagem pública das AP vai, assim, emergindo inquinada por este confronto de interesses que se desenrola a nível local, mas que acaba por convergir a nível nacional numa ideia que raramente se descola da negatividade das restrições impostas. O verso desta medalha é a legitimidade que parece daí decorrer para o vale tudo que vai imperando fora dos limites das AP, onde presumivelmente, não há natureza a proteger. Acresce que este quadro restrito tem vindo a sofrer constantes e consecutivos ataques que resultam de uma morosidade que ninguém refuta e do difícil acesso à justiça e, permitem, sobretudo os grupos com maior capital económico, social e cultural, tornear restrições e levar em frente propósitos que dificilmente cumprem o espírito da lei e da protecção de recursos naturais.</p>