Bruno Miguel Góis Carreira
Bruno Góis (Santarém, Portugal) é mestre em Relações Internacionais pelo ISCSP e doutorando em Antropologia e bolseiro de investigação no ICS-ULisboa, no âmbito do projeto "Império colonial português e cultura popular urbana: comparando visões da metrópole e das colónias (1945-1974) "(FCT PTDC / CPC-CMP / 2661/2014). O seu projecto de investigação (como doutorando em Antropologia) tem como objecto a vida social e as trajectórias sociais de famílias portuguesas retornadas de Angola que se mudaram para Portugal e beneficiaram de apoio social, nomeadamente do Instituto de Apoio ao Retorno dos Nacionais ( IARN). Co-editou (com Elsa Peralta e Joana Oliveira) o livro Retornar: Traços de Memória do Fim do Império (Edições 70, 2017) e foi membro da comissão científica da Exposição “Retorno - Traços da Memória” produzida pela EGEAC em 2015. É membro dos grupos de investigação do ICS-ULisboa "Identidades, Culturas, Vulnerabilidades" e "Impérios, Colonialismos e Sociedades Pós-Coloniais". Fez parte da equipa de investigação de tracosdememoria.letras.ulisboa.pt (projecto CEC-ULisboa "Narrativas da perda, guerra e trauma: memória cultural portuguesa e fim do império - projecto de investigação exploratória"; - FCT IF / 01530 / 2014).
Esta investigação tem como objeto a vida social e as trajetórias sociais de famílias portuguesas retornadas de Angola que foram realojadas em Portugal através de apoios sociais, nomeadamente do Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais. Pretende-se mapear a estrutura de classes, altamente racializada, da sociedade colonial angolana, recorrendo a pesquisa de arquivo (Arquivo Histórico Ultramarino) e a pesquisa de bibliografia especializada, nomeadamente estatísticas e análise histórica e sociológica. Num segundo momento, procurando a história de famílias de colonos da classe trabalhadora e classes médias, pretende-se mobilizar memórias individuais das trajetórias de vida através de entrevistas etnográficas em dois bairros de realojamento: Vale da Amoreira (Moita) e Mira Sintra (Sintra). Nessas entrevistas, a análise da vida social vai percorrer as práticas de lazer urbanas (nomeadamente consumo de cinema e música), a frequência escolar e o trabalho como observatórios privilegiados das trajetórias sociais e reflexo da modernização capitalista da sociedade colonial angolana.