Na última década os estudos sobre a socialidade digital e seus múltiplos desdobramentos técnicos e sociais ganharam destaque em diversas áreas do conhecimento e, gradativamente, vêm se tornando um campo de estudo interdisciplinar, com categorias e referenciais teóricos próprios. A pandemia de Covid-19 demarca um “giro de digitalização” das relações sociais e os percursos investigativos encontraram nos ambientes digitais uma inigualável expansão de fronteiras. 
Neste contexto, propaga-se a ideia de que está em andamento mais uma virada, a metodológica. Além do domínio das estratégias de métodos e técnicas de produção e extração de dados, há que se considerar o processo de investigação nesse espaço social peculiar. Afinal, as mídias, a arquitetura das plataformas digitais e seus algoritmos atuam numa intrincada sociotécnica que influencia comportamentos e interações, conformando performances, valores e modos de agir.
O objetivo central do curso é subsidiar metodologicamente a realização tanto de pesquisas qualitativas que têm como seu objeto as práticas sociais mediadas pela internet, como aquelas que elegem os ambientes virtuais como terreno ou fonte de acervos.
Nesse sentido, o curso irá discutir alguns aspetos da “cultura ciber” e os usos sociais das mídias digitais. A principal premissa é que as diferentes plataformas digitais disponibilizadas pela Internet 2.0 atuam como contextos discursivos, ou seja, contextos de enunciação que se estabelecem na interação humano x algoritmo, com um forte caráter performativo. Esses aspetos delineiam a natureza dos dados, bem como a relação pesquisador-participantes da pesquisa e devem, portanto, ser problematizados.
Considerando as etapas da investigação, discutiremos o conceito de “trabalho de terreno” e abordaremos as técnicas mais utilizadas na pesquisa social (observação e entrevistas), seus câmbios, inovações e limites quando aplicadas em ambientes online. Trataremos brevemente questões relacionadas à extração de dados qualitativos nas mídias sociais na escala de small data e a partir da noção de rastros digitais.
Por fim, discutiremos os aspetos éticos sobre as pesquisas em ambiente digital, com ênfase sobre o sigilo das identidades e a preservação de informações sensíveis num espaço social em que a hipervisibilidade e a “exposição de si” constituem marcas e capitais importantes.
Atividades práticas e reflexivas serão aplicadas nas aulas, agregando tarefas individuais e grupais.

Propina

Este valor contempla as taxas de candidatura, inscrição e frequência e a emissão de uma certidão em português.