Portugal e Brasil conheceram, durante longos períodos, regimes autoritários. Nesses anos, tentaram fixar-se, de cada país, imagens oficiais harmónicas e tradicionalistas. Mas, nos subterrâneos da vida social, outras forças, destinadas a serem agentes de mudanças profundas, estavam operando. Os Pentecostais podem incluir-se nessas forças. Neste livro, a antropóloga Clara Mafra examina uma importante manifestação. A Igreja Universal Reino de Deus é hoje uma presença forte em todo o Brasil, considerado o maior país católico do mundo, mas também está em Portugal. Entre os portugueses, está igualmente apresenta na França, na Suiça e na África do Sul. Como explicar que uma manifestação religiosa, chocante para tantas sensibilidades, encontre fervorosos adeptos? Como compreender o êxito deste culto em contextos tão diversos, que vão das favelas cariocas até aos subúrbios das grandes cidades europeias e norte-americanas? Como pode esse fervor religioso transformar-se em instrumento que permite às pessoas superarem condições de constrangimento social e pessoal? Será que este facto desafia a democracia e os valores associados ao pluralismo e ao respeito à diversidade?