Canoas da Bahia
Este livro celebra as esbeltas canoas que rolam aos milhares pelas águas lisas e negras dos bosques marinhos do Recôncavo e Baixo Sul da Bahia. São canoas monóxilas, escavadas em troncos de uma madeira amarela extraordinária – muito leve mas muito resistente – por carpinteiros e pescadores empreendedores e calorosos, em busca de uma vida digna e livre. Em vez de pôr o enfoque directamente sobre as pessoas, a ergologia estuda os instrumentos que elas inventam para mediar o mundo; procurando, assim, iluminar a enorme complexidade da inerência das pessoas no mundo, que vai desde a vida íntima aos grandes problemas económicos e ambientais dos nossos dias.
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1. Uma floresta sobre o mar Aqui se apresenta o manguesal – essa floresta que cresce sobre águas marinhas, onde as gentes buscam em suas canoas o sustento que lhes dá a liberdade. |
2. Baiacu, peixe e aldeia Esta pequena povoação de pescadores está escondida na costa interior da Ilha de Itaparica. Aí fomos alertados pela primeira vez para o mundo anfíbio do manguesal. |
3. A lição do Seu Otávio Seu Otávio, experiente carpinteiro, agora pescador mas antes homem de todos os ofícios, dá-nos uma lição sobre canoas, velas, técnicas de pesca e peixes. |
4. Interlúdio poético Nas ondas verdes do mar, meu bem/Ele se foi afogar./Fez sua cama de noivo/ No colo de Iemanjá./É doce morrer no mar,/Nas ondas verdes do mar. |
5. Cajaíba – da árvore à canoa A árvore, transformada em xaboque nas colinas do cerrado, torna-se em canoa no povoado de Cajaíba, no interior do manguesal. O vinhático, madeira ideal, está a esgotar-se. Que será depois? |
6. Seu Romão, o torneador Nas mãos do torneador, o rude xaboque vira uma esbelta canoa através de uma técnica com raízes históricas profundas. O trabalho do torneador é, afinal, uma obra de arte. |
7. A vida da canoa – Seu Chiquito As canoas saem do estaleiro pela mão de um comerciante, homem silencioso e criador. Depois fazem sua vida. |
8. Salinas – uma alternativa moderna? Mas existirá mesmo uma alternativa para o vinhático? Seu António, em Salinas da Margarida, acha que o futuro é a fibra de vidro. |
9. As canoas como média Aqui se fala das canoas como extensões da mão do homem – instrumentos de media ção com o mundo. |
10. Um ensaio de ergologia Pósfacio metodológico onde se esclarece a natureza do exercício ergológico como um encadeamento de triangulações. |
João Pina-Cabral é um antropólogo social com extensa obra etnográfica publicada sobre o Alto Minho, Macau e sobre a Bahia. A sua obra tem abordado principalmente a questão da pessoa e a sua relação com o poder, focando os aspetos da família, da religião e da etnicidade. É Investigador Coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Professor Catedrático Emérito da Escola de Antropologia e Conservação da Universidade de Kent (Reino Unido). Foi Presidente fundador da Associação Portuguesa de Antropologia e co-fundador e ex-presidente da Associação Europeia de Antropólogos Sociais. Os seus principais livros são Filhos de Adão, Filhas de Eva (D. Quixote 1989), Os Contextos da Antropologia (Difel, 1991), Em Terra de Tufões (Instituto Cultural e Macau 1993), Between China and Europe: Person, Culture and Emotion in Macau (Continuum 2002), O Homem na Família (ICS, 2003), Aromas de Urze e de Lama (ICS, 2008), Gente Livre (Terceiro Nome, com V.A. da Silva, 2012) e World: An Anthropological Examination (2017).