Cultura Popular e Império

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Este livro aborda a relação entre dois impérios. Por um lado, o império colonial português, governado durante grande parte do período tratado neste livro pelo Estado Novo, um regime que manipulou os domínios culturais e organizou um sistema de propaganda para manter um poder autoritário sobre a metrópole e as colónias. Por outro lado, o «império irresistível» da cultura popular moderna, cujas fronteiras se desenhavam pela circulação global dos produtos da indústria cultural. Este outro império fundava-se na ideia de que, caso o princípio do mercado livre se aplicasse, a generalidade das nações possuía uma soberania limitada sobre o seu espaço público. Ambos os impérios ambicionavam moldar e conquistar subjetividades. Em determinadas circunstâncias os seus interesses convergiram e articularam-se, noutras, os seus programas confrontaram-se.
As investigações que compõem este livro interpretam a tentativa do Estado Novo de banalizar um senso comum imperial, utilizando para esse efeito os meios da cultura popular moderna, num mercado concorrencial, no qual os formatos e linguagens de uma cultura global conquistavam os gostos. Procuram igualmente perceber de que forma os consumidores, na metrópole e nas capitais de Angola e Moçambique, se apropriaram da oferta cultural e a integraram no seu quotidiano.
Capítulo 1 Nuno Domingos |
p. 25 |
Capítulo 2 Pelo Império, Publicar! Defender o colonial português através da edição de livros durante o século xx na metrópole Nuno Medeiros |
p. 75 |
Capítulo 3 A rádio enquanto instrumento de política colonial nos primeiros anos do Estado Novo: Henrique Galvão e a Ronda do Império Manuel Deniz Silva |
p. 155 |
Capítulo 4 A arquitetura da instituição cinema em Angola e Moçambique (1932-1974) Paulo Cunha |
p. 185 |
Capítulo 5 Culturas cinematográficas em Luanda, 1960-1970 Paulo Cunha |
p. 211 |
Capítulo 6 O império colonial português e a televisão Rita Luís |
p. 241 |
Capítulo 7 A convergência entre turismo, cultura popular e propaganda no império colonial português: o caso de Moçambique Todd Cleveland e Alex Marino |
p. 281 |
Capítulo 8 O Governo da pop. Nacionalismo e hibridismo no Duo Ouro Negro Marcos Cardão |
p. 319 |
Capítulo 9 A experiência da ida ao cinema nos subúrbios de Lourenço Marques Nuno Domingos |
p. 363 |
Capítulo 10 «Aqui Portugal, Moçambique»: para uma história sonora do Rádio Clube de Moçambique (1932-1974) Marco Roque de Freitas |
p. 425 |
Capítulo 11 Receção da rádio e da música no Moçambique colonial: experiências e subjetividades goesas Catarina Valdigem Pereira |
p. 467 |
Capítulo 12 «Percy Sledge in Angola». Modernidade colonial e cultura popular urbana nas memórias online dos portugueses retornados de Luanda Bruno Góis |
p. 519 |
Capítulo 13 A cultura popular nos musseques de Luanda: entre vigilância, violência e autonomia Diogo Ramada Curto |
p. 549 |
Capítulo 14 «Folclore» e «ritmos modernos» na cidade colonial – classe, raça e nação na história da música urbana de Luanda Pedro David Gomes |
p. 587 |
Capítulo 15 Entre dois impérios. Uma leitura de Cultura Popular e Império Harry G. West |
p. 637 |
Índice remissivo | p. 645 |
Nuno Domingos, antropólogo, Investigador Auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Trabalha sobre a história do colonialismo português, nomeadamente em Moçambique durante o período do Estado Novo. Escreveu sobre práticas de leitura e sobre a história do desporto em Portugal e em Moçambique e mais recentemente tem trabalhado sobre a antropologia da alimentação, desenvolvendo um projecto sobre vinho português no contexto colonial e pós-colonial.
Este livro oferece um olhar sobre a cultura popular e o desenvolvimento das indústrias culturais no império português durante o período do colonialismo tardio. Focando-se em Angola e em Moçambique – e mais especificamente nas cidades capitais de Luanda e de Lourenço Marques – os textos que completam este volume analisam a disseminação da palavra escrita, da música, da rádio, da televisão, do cinema e do turismo. Harry G. West