Objectivos:
Our aim is to analyse the impact of justifications for discrimination on the self-esteem of performers of discriminatory acts. We will test our hypotheses in a number of experimental and correlational studies. Firstly, we will analyse the hypothesis that people who can justify discrimination on the basis of an unprejudiced argument have a higher level of self-esteem than people who have no recourse to such an argument. In a second study, we will test the hypothesis that the effect of justifications on self-esteem occurs in contexts in which anti-prejudice norms are prevalent. The justifications for discrimination will be based on the perception of threat. The anti-prejudice norm will be based on values of equality, while the norm that facilitates prejudice will be based on values of meritocracy. The target group for discrimination will be black African immigrants.
State of the art:
A análise das justificações da discriminação é necessária porque "the institutional world requires legitimation, that is, ways by which can be ‘explained' and justified" (Berger & Luckmann, 1967, p. 61). De forma similar, Jost (2001, p. 90) propôs: "we need reasons and arguments to justify both action and inaction. If we behave in an inconsistent or counterattitudinal way, we must come up with rationalizations for the departure". A importância da legitimação tem sido destacada no pensamento filosófico há mais de 20 séculos e a sua análise foi sempre um aspecto central na sociologia, na filosofia e nas ciências políticas (ver Zelditch, 2001), mas só recentemente começou a ocupar um lugar de destaque nas teorias desenvolvidas pela Psicologia Social (e.g., Tyler, 1989). <p>Realmente, ainda que Allport (1954/1979) tenha destacado a importância de factores justificadores, fundamentalmente dos estereótipos, para a compreensão da natureza do preconceito, e Tajfel (1984) tenha proposto que o comportamento "intergrupal" depende, sobretudo, dos processos de justificação, o estudo desses processos não tinha sido objecto dessa disciplina até meados dos anos 90 do século passado (ver Jost & Major, 2001). De facto, o estudo dos processos de justificação e legitimação da discriminação começa a ser feita de forma mais sistemática a partir da publicação dos primeiros estudos analisados à luz das teorias da dominância social (Sidanius & Pratto, 1999) e da justificação do sistema (Jost, 2001).</p><p>Recentemente, a análise da legitimação tem sido feita no âmbito dos estudos sobre a relação entre o preconceito e a discriminação. Pereira, Vala e Leyens (2007) propuseram o modelo da discriminação justificada em que analisam, simultaneamente, o papel de factores justificadores e de factores normativos na dinâmica da relação entre o preconceito e a discriminação. O modelo realça o recurso às justificações como o mecanismo através do qual o preconceito leva à discriminação e especifica as condições normativas nas quais este processo ocorre. Especificamente, Pereira et al. (2005) mostraram que a relação entre o preconceito e a oposição à imigração na Europa é mediada pela percepção de ameaça realista e que a relação entre o preconceito e a oposição à naturalização de imigrantes é mediada pela percepção de ameaça simbólica. O princípio psicológico é o de que a percepção de ameaça é um factor justificador da expressão do preconceito (ver também Crandall & Eshleman, 2003). </p>O papel da ameaça na discriminação tem sido analisado quer na sua vertente realista (e.g., Sherif, Harvey, White, Hood, & Sherif, 1961/1988) quer na sua vertente simbólica (e.g., Sears & Henry, 2003). Ameaça realista é a percepção de que os membros do exogrupo representam uma ameaça à segurança física e económica do endogrupo (Stephan & Stephan, 2000). A ameaça simbólica é a percepção de que os membros do exogrupo são uma ameaça à cultura do endogrupo (Stephan & Stephan, 2000). De acordo como o modelo da discriminação justificada, como a percepção de ameaça não evoca directamente a ideia de hierarquia racial, pode servir como justificação para a discriminação.