Na história da mediatização dos problemas ambientais têm sido identificados diversos períodos, oscilando-se entre épocas de maior e menor intensidade informativa. Após a emergência destes problemas no espaço público mediatizado no final dos anos 60, houve um decréscimo na sua mediatização até meados dos anos 80, voltando a recrudescer até 1992, quando outros problemas como a recessão económica ou a guerra do Golfo contribuiram para afastar o ambiente da agenda mediática (Schmidt, 2003). Estas oscilações modificam a visibilidade social dos problemas ambientais, com consequências a nível da consciência ambiental da acção quotidiana dos cidadãos. Mas estão também associadas a processos de agendamento influenciados por governos, interesses económicos, grupos de pressão e outros, que visam, precisamente, condicionar a notoriedade destas questões bem como a atenção pública, dirigindo-a para determinados temas em detrimento de outros e promovendo a noticiabilidade de outros acontecimentos (Molotch e Lester, 1974; Washer, 2006; Eldridge e Reilley, 2003). Tal como sucede relativamente a outros assuntos, a percepção pública dos problemas ambientais não depende, assim, tão só, da sua gravidade e interesse público, mas também do jogo de forças entre os diversos agentes que procuram condicionar a agenda dos media, tal como do contexto histórico específico em que se articulam entre si os diversos sub-sistemas - produtivo, discursivo, dos agentes produtores e do sentido produzido - que constituem o processo de produção mediática (Oliveira, 1992). <p>Ora, importa ter em conta que nos últimos anos, por um lado, além da persistência de graves, crónicos e diversos problemas ambientais, têm emergido novas questões, algumas com um impacto mediático de crescimento exponencial, como é o caso da tematização das alterações climáticas, que parecem transfigurar a cobertura informativa que vinha sendo feita no final do século XX; por outro lado, no sistema dos media têm-se verificado ou acentuado tendências, como a concentração da propriedade das empresas, que, num contexto de crise no investimento publicitário, pressionam no sentido de estratégias de concorrência agressiva com vista à captação de audiências, que por sua vez tendem a traduzir-se na espectacularização e dramatização da informação. Ora, no caso da mediatização de riscos ambientais, a dramatização da informação pode prejudicar a percepção pública dos problemas (Gonçalves, 2007; Horta, 2007).</p><p>Existe na produção científica do Observa uma análise sistemática da mediatização do ambiente na televisão e imprensa até ao final do século XX (Schmidt, 2003), porém, são esporádicos e de âmbito limitado os estudos realizados acerca da realidade posterior. Neste contexto, importa realizar uma actualização dessa análise que permita não só dar conta da evolução recente da mediatização do ambiente, como assegurar a comparabilidade com os dados anteriormente analisados.</p>