Movimentos, Espíritos e Rituais
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Como é que se morre em movimento? E como é que se recriam lugares de pertença a partir dessa morte em movimento? Numa sociedade ocidental em que a morte se tornou um tabu, e que é pensada como algo que só acontece aos outros, este distanciamento face ao último rito de passagem da vida pertence à esfera do mito e do preconceito – a suposta invisibilidade da morte. Mas a morte levanta questões que se prendem com a mobilidade dos indivíduos mas também com a criação de lugares de pertença e de ligação com os espaços de origem.
Num mundo globalizado, como morrem os imigrantes, sempre em movimento entre os seus países de origem e os seus destinos migratórios? Nos vários capítulos deste livro analisam-se os níveis múltiplos que a morte toca, desde os mais simbólicos aos mais práticos. A morte é uma dimensão onde a abordagem transnacional é obrigatória – juntamente com o debate crítico sobre o sentido do «transnacional» e as suas características multifacetadas – já que encerra uma intensa circulação, não apenas de bens materiais e riqueza, mas também de universos significativos e simbólicos que circulam juntamente com os bens e as pessoas: o corpo, mas também os espíritos e as relações com o outro mundo que as pessoas trouxeram para a diáspora.
João de Pina-Cabral |
p. 23 |
Introdução. Mobilidades e lugares da morte Clara Saraiva, Simone Frangella e Irene Rodrigues |
p. 37 |
Parte I: Morte: teorias em movimento | |
1. A morte e o que se lhe segue: a imobilização dos mortos e a migração Maurice Bloch |
p. 37 |
2. A morte em movimento: uma abordagem teórica sobre a morte e suas possíveis implicações em contextos transnacionais Anastasios Panagiotopoulos |
p. 51 |
3. Corpos em falta e pertença entre os Manjaco: ou o passado e o futuro de alguns costumes funerários no contexto do cosmopolitismo Eric Gable |
p. 71 |
Parte II Circulação transnacional de espíritos, corpos e rituais | |
4. "As folhas caídas regressam às raízes": a invisibilidade da morte e a ideia de "casa" na política de enterro da migração chinesa Irene Rodrigues |
p. 87 |
5. Os cemitérios e a diversidade. Expressões de organziação do património religioso funerário em Espanha Sol Tarrés e Jordi Moreras |
p. 105 |
6. Pessoa, morte e género entre Lisboa e Dhaka José Mapril |
p. 129 |
7. A visibilidade da morte em Portugal no quadro das migrações transatlânticas e intraeuropeias Maria Beatriz Rocha-Trindade |
p. 149 |
Parte III Morte, migração e saúde | |
8. Viver a morte em Portugal: atitudes de portugueses e diferentes grupos de imigrantes face à morte Violeta Alarcão, Filipe Leão Miranda, Elisa Lopes e Rui Simões |
p. 173 |
9. A morte em várias línguas: principais causas de morte e procedimentos de transporte de cadáveres em Portugal - análise focada em imigrantes do Bangladesh, Brasil, China, Cabo Verde e Guiné-Bissau Andreia Jorge Dilva, Joana Ferreira Duarte, Violeta Alarcão e Clara Saraiva |
p. 207 |
Parte IV: O lugar e os lugares da morte | |
10. Encontros com a morte no Noroeste António Medeiros |
p. 235 |
11. "Não vão lá com flores": as mortes não-evidentes na migração Ottavia Salvador |
p. 251 |
12. O lugar dos mortos: geografias móvies e os monumentos aos mártires de Timor-Leste Rui Graça Feijó e Susana de Matos Viegas |
p. 269 |
Posfácio Cristiana Bastos |
p. 291 |
Clara Saraiva, antropóloga, é senior research fellow no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa e colaboradora do CRIA. Foi Visiting Professor na University of California Berkeley (2013); Brown University (2001-02 and 2008) e Research Fellow no the Watson Institute for International Studies da Brown University (2001-2002 and 2008). É especializada na área da antroplogia da religião e rituais e investigou as concepções sobre a morte e os ritos funerários em diversos contextos. Principais áreas de interesse: antropologia da religião e rituais; migrações e circulação de pessoas; transnacionalismo religioso; antroplogia da saúde e das emoções; África e Brasil: colonialismo e pós-colonialismo.
Simone Frangella, é investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Trabalhou por muito tempo sobre temas relacionados com o espaço urbano, corporalidade, percursos itinerantes e a construção de sociabilidades, tendo a rua como espaço central de investigação nas suas teses de mestrado e doutoramento. Atualmente dedica-se a questões relacionadas com as mobilidades transnacionais, particularmente os fenómenos migratórios e suas dinâmicas sociais e simbólicas, tendo como recorte empírico a migração brasileira. Neste enfoque, alguns aspectos são privilegiados: as relações de género e familiares, os discursos sobre identidade nacional e sobre pertenças territoriais, relações geracionais, e produção cultural.
Irene Rodrigues, antropóloga, professora auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULisboa), onde leciona na área das Teorias Contemporâneas da Antropologia, Antropologia Cultural e Social, Área Etnográfica Ásia (China), Consumo, Agência e Mercados Globais, Metodologia de Investigação.Tem pesquisado sobre migração chinesa em Portugal e na China.