Heritage, Identity, Globalisation and Conflict: the polemics of the Vale do Côa Palaeolithic Engravings revisited

Heritage, Identity, Globalisation and Conflict: the polemics of the Vale do Côa Palaeolithic Engravings revisited

The present research project intends, on the one hand, to revisit the conflict between those who supported the building of a dam in the Côa, and those who supported the preservation of the prehistoric engravings then discovered, and to focus on their respective motivations. This conflict is perceived as a sign of confrontation between those for whom the fundamental criterion was the one of immediate (economic) utility of the dam, and those for whom the fundamental purpose was the preservation of heritage, where they also in fact saw, although secondarily, an economic capital. This is a conflict that reflects the presence of different discourses or even cultures, such as those represented by teachers of the local high school, who supported the preservation of the engravings, and traders, who believed in increasing economic revenues in the immediate future, as a result of the building of the dam.

On the other hand, this project also seeks to analyse the emerging conflict(s) within the framework of the complex articulations between global and local agencies and institutions. Articulations between global agencies dealing with heritage such as UNESCO and local agents and policies: town council, schools, economic, political and cultural agents, etc. Lastly, it is also a goal of this project to address the role that heritage has come to acquire in the processes of local identity production.

Estatuto: 
Proponent entity
Financed: 
No
Rede: 
Grices/Capes
Keywords: 

Local, Global, Heritage, Identity

The present research project intends, on the one hand, to revisit the conflict between those who supported the building of a dam in the Côa, and those who supported the preservation of the prehistoric engravings then discovered, and to focus on their respective motivations. This conflict is perceived as a sign of confrontation between those for whom the fundamental criterion was the one of immediate (economic) utility of the dam, and those for whom the fundamental purpose was the preservation of heritage, where they also in fact saw, although secondarily, an economic capital. This is a conflict that reflects the presence of different discourses or even cultures, such as those represented by teachers of the local high school, who supported the preservation of the engravings, and traders, who believed in increasing economic revenues in the immediate future, as a result of the building of the dam.

On the other hand, this project also seeks to analyse the emerging conflict(s) within the framework of the complex articulations between global and local agencies and institutions. Articulations between global agencies dealing with heritage such as UNESCO and local agents and policies: town council, schools, economic, political and cultural agents, etc. Lastly, it is also a goal of this project to address the role that heritage has come to acquire in the processes of local identity production.

Objectivos: 
<p>a) to analyse the conflict between those who supported the building of the dam and those who opposed it; <br />b) to analyse the relations between the Côa Archaeological Park and local institutions, namely the Town Council of Foz Côa and other local councils; <br />c) to examine the different forms of heritage appropriation involved in the identification between the city, the local council and the engravings; <br />d) to describe in detail the relations between local and global heritage policies; <br />e) to examine the impact of heritage preservation policies in an agricultural region highly affected by demographic desertification. </p>
State of the art: 
&nbsp; <p>Na d&eacute;cada de 90, a quest&atilde;o da defesa do patrim&oacute;nio conheceu em Portugal uma manifesta&ccedil;&atilde;o espectacular com o debate em torno das &quot;Gravuras Paleol&iacute;ticas do Vale do C&ocirc;a&quot;. O C&ocirc;a &eacute; um rio afluente da margem esquerda do Douro que atravessa um vale apertado antes de desaguar neste rio. A empresa estatal Electricidade de Portugal (EDP), que h&aacute; muito projectava fazer um aproveitamento hidroel&eacute;ctrico no rio, decidiu ent&atilde;o (1991) construir uma barragem no concelho de Vila Nova de Foz C&ocirc;a.</p><p>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Esse empreendimento era justificado pelas necessidades energ&eacute;ticas do pa&iacute;s, que, sem recursos em combust&iacute;veis f&oacute;sseis, tem na energia hidroel&eacute;ctrica um recurso n&atilde;o poluente que diminui a sua depend&ecirc;ncia do exterior. A juntar a este tipo de raz&otilde;es que se prendem com a pol&iacute;tica de energia, havia tamb&eacute;m que defendesse a constru&ccedil;&atilde;o da barragem enquanto factor gerador de emprego e, consequentemente, como animador econ&oacute;mico e social, numa regi&atilde;o que &eacute; predominantemente agr&iacute;cola e cuja popula&ccedil;&atilde;o tem declinado e se encontra fortemente envelhecida devido &agrave; emigra&ccedil;&atilde;o.</p><p>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; A not&iacute;cia da descoberta de importantes gravuras rupestres, que acompanhou o in&iacute;cio da constru&ccedil;&atilde;o da barragem, desencadeou um debate vivo, tanto localmente como no plano nacional e internacional - foi alvo da aten&ccedil;&atilde;o de jornais como o New York Times, o Sunday Times e o The International Herald Tribune (http://www.uc.pt). Aos defensores da barragem, opuseram-se os defensores das gravuras. Aos argumentos de natureza fundamentalmente econ&oacute;mica, opuseram-se discursos que enfatizavam valores proclamados como civilizacionais. Aos actores locais juntaram-se o governo e outros actores pol&iacute;ticos internacionais. Finalmente, houve conflito entre os peritos internacionais que foram chamados a dar parecer sobre a valia das gravuras (idem). Tratava-se de saber se essa valia justificava a interrup&ccedil;&atilde;o da constru&ccedil;&atilde;o, ent&atilde;o j&aacute; avan&ccedil;ada, da barragem.</p><p>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Ganhou quem defendeu a preserva&ccedil;&atilde;o das gravuras, pois a barragem foi abandonada (em 1995) e a import&acirc;ncia &quot;patrimonial&quot; do local acabou por ser consagrada. Em seu lugar construiu-se um Parque Arqueol&oacute;gico, que deveria servir como n&uacute;cleo de desenvolvimento local atrav&eacute;s da transforma&ccedil;&atilde;o do patrim&oacute;nio em capital tur&iacute;stico. Coroando este processo, o Comit&eacute; do patrim&oacute;nio mundial consagrou em 1998 os &quot;S&iacute;tios Arqueol&oacute;gicos do Vale do C&ocirc;a&quot; como Patrim&oacute;nio da Humanidade. E, em 2001, consagrou toda a &aacute;rea em que se situa este s&iacute;tio, a regi&atilde;o vin&iacute;cola do Alto Douro, produtora de Vinho do Porto, tamb&eacute;m ela como Patrim&oacute;nio da Humanidade (http://www.ippar.pt/) - note-se que a barragem amea&ccedil;ava produtores vin&iacute;colas conhecidos. O espa&ccedil;o de Foz C&ocirc;a ser&aacute;, por este modo, um dos lugares mais privilegiados pela preserva&ccedil;&atilde;o do patrim&oacute;nio a n&iacute;vel mundial.</p><p>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Embora objecto de estudo logo na sequ&ecirc;ncia do conflito (Gon&ccedil;alves et al. 2001), o processo que levou &agrave; salvaguarda das gravuras &eacute; pass&iacute;vel de novas abordagens, que tomem nomeadamente em considera&ccedil;&atilde;o realidades entretanto surgidas. </p><p>O projecto que ora se apresenta, por um lado, procura revisitar a conjuntura da &eacute;poca e, em particular, os actores ent&atilde;o em conflito: os que defendiam a barragem e os que defendiam as gravuras, bem como as respectivas motiva&ccedil;&otilde;es (Amaro 2001). Esse conflito &eacute; visto como um sintoma do confronto entre aqueles para quem contava como crit&eacute;rio fundamental o da utilidade (econ&oacute;mica) imediata da barragem e aqueles para quem o fundamental era a preserva&ccedil;&atilde;o do patrim&oacute;nio, no qual, ali&aacute;s, tamb&eacute;m viam, embora secundariamente, um capital econ&oacute;mico - sem que os confrontos se tenham reduzido a esta contradi&ccedil;&atilde;o (idem). Conflito, por isso, ao n&iacute;vel discursivo, traduzindo a presen&ccedil;a de culturas e interesses diferentes, como o existente entre professores da escola local, que defenderam as gravuras, e comerciantes, que apostavam em rendimentos econ&oacute;micos imediatos, decorrentes da constru&ccedil;&atilde;o da barragem. </p><p>Por outro, este projecto procura ver o(s) conflito(s) desencadeados&nbsp; &agrave; luz das articula&ccedil;&otilde;es complexas entre o global e o local. Articula&ccedil;&otilde;es entre agentes e pol&iacute;ticas globais - defini&ccedil;&atilde;o global do que &eacute; patrim&oacute;nio, ag&ecirc;ncias globais da pol&iacute;tica do patrim&oacute;nio, como a UNESCO - e pol&iacute;ticas e agentes locais - c&acirc;mara municipal, aparelho escolar, agentes econ&oacute;micos, pol&iacute;ticos e culturais, etc. Finalmente, constitui objecto deste projecto abordar o papel que o patrim&oacute;nio - as gravuras pr&eacute;-hist&oacute;ricas, em primeiro lugar, mas tamb&eacute;m a paisagem vinhateira - veio a adquirir nos processos de produ&ccedil;&atilde;o e divulga&ccedil;&atilde;o da identidade local.</p>
Parceria: 
International network
Coordenador ICS 
Referência externa 
PROJ14/2009
Start Date: 
02/01/2005
End Date: 
31/12/2010
Duração: 
71 meses
Closed