APagar

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O objectivo deste projecto é estudar a interacção de três aspectos essenciais do desenvolvimento das empresas nas economias do séc. XIX: a sua estrutura da propriedade, a sua gestão e as suas formas de governança. Trata-se de uma área relativamente "recente" no domínio da História Empresarial e é aqui desenvolvida no contexto português, ou seja, de um país de desenvolvimento tardio situado na periferia da Europa. A investigação irá provavelmente revelar diferenças significativas em relação a outros países, mas o que os dados evidenciam é também a existência de fortes semelhanças entre o objecto do presente estudo e os exemplos paradigmáticos dos EUA e do Reino Unido. A questão fundamental é saber se, neste caso, estamos confrontados com mais um exemplo de "transferência de tecnologia", que ocorreu com resultados positivos e um aumento da produtividade, mas que esteve sujeito às limitações e perdas de eficiência usuais quando implementado num ambiente menos conducente à sua aplicação. O presente projecto de investigação divide-se em quatro partes:

A) Qual a forma de propriedade das empresas portuguesas (i.e. sociedades anónimas de responsabilidade limitada). Eram empresas de propriedade concentrada, dispersa, ou empresas familiares, etc? Será que esse padrão é diferente do que se observa em países mais avançados durante, por exemplo, o final do séc. XX? Iremos analisar um modelo que utiliza como factores explicativos não só a idade, escala das firmas, o sector a que pertencem e a sua localização, mas também as características dos seus respectivos sistemas de governança e algumas das características da sua função de gestão (Hilt, 2008).

B) Como é que eram geridas as empresas? Tomaremos como ponto de partida o grau de separação que existia entre a propriedade e a gestão. O séc. XIX é ainda hoje um período obscuro em relação a esta questão. Esta parte do projecto irá determinar os factos referentes a Portugal e ainda estabelecer até que ponto a gestão se encontrava então profissionalizada. Seria isso apanágio apenas das economias desenvolvidas? Estas características das empresas serão relacionadas com os seus perfis globais, conforme referido na secção A.

C) Como é que eram controladas as empresas? Nesta secção serão examinadas as regras mais importante da governança empresarial das empresas amostradas. A análise abrange, para cada caso, os estatutos da empresa que estão firmados na lei e os que foram escolhidos livremente pelos seus autores. Destes, os mais importantes e debatidos na literatura referem-se ao conjunto de regras que estabelecem os poderes que os accionistas poderão deter. Existem ainda muitos outros estatutos que também são importantes: regras de transparência e de distribuição dos lucros, o controlo e equilíbrio existente entre a entidade gestora e as entidades de monitorização interna, a dimensão dos conselhos de administração, etc. A parte essencial desta secção é não só realizar um levantamento destas características, mas também relacioná-las de forma causal com a estrutura de propriedade (A), o perfil da firma (A) e o grau de separação da gestão (B).

D) As empresas e o mercado para as suas acções. Esta secção aborda dois aspectos desta relação, nomeadamente a liquidez das acções de uma empresa e o seu desempenho no mercado bolsista. É de uma importância central para se compreender até que ponto se assistiu em Portugal, no séc. XIX, ao desenvolvimento de uma espécie de "capitalismo popular", que terá envolvido um grande número de pequenos accionistas relativamente pouco sofisticados e mal preparados para se tornarem nos pequenos proprietários de grandes empresas. A evolução das cotações nas bolsas de valores e a sua relação com os dividendos e lucros representa uma das facetas desta questão. A possibilidade de transaccionar determinadas acções com facilidade no mercado é outro aspecto extremamente relevante para a tomada de decisão dos investidores com portefólios pequenos e possibilidades reduzidas para diversificarem de forma adequada os riscos.

Estatuto: 
Proponent entity
Financed: 
No
Keywords: 

Governança, Concentração de Poder, Propriedade Corporativa, Portugal

O objectivo deste projecto é estudar a interacção de três aspectos essenciais do desenvolvimento das empresas nas economias do séc. XIX: a sua estrutura da propriedade, a sua gestão e as suas formas de governança. Trata-se de uma área relativamente "recente" no domínio da História Empresarial e é aqui desenvolvida no contexto português, ou seja, de um país de desenvolvimento tardio situado na periferia da Europa. A investigação irá provavelmente revelar diferenças significativas em relação a outros países, mas o que os dados evidenciam é também a existência de fortes semelhanças entre o objecto do presente estudo e os exemplos paradigmáticos dos EUA e do Reino Unido. A questão fundamental é saber se, neste caso, estamos confrontados com mais um exemplo de "transferência de tecnologia", que ocorreu com resultados positivos e um aumento da produtividade, mas que esteve sujeito às limitações e perdas de eficiência usuais quando implementado num ambiente menos conducente à sua aplicação. O presente projecto de investigação divide-se em quatro partes:

A) Qual a forma de propriedade das empresas portuguesas (i.e. sociedades anónimas de responsabilidade limitada). Eram empresas de propriedade concentrada, dispersa, ou empresas familiares, etc? Será que esse padrão é diferente do que se observa em países mais avançados durante, por exemplo, o final do séc. XX? Iremos analisar um modelo que utiliza como factores explicativos não só a idade, escala das firmas, o sector a que pertencem e a sua localização, mas também as características dos seus respectivos sistemas de governança e algumas das características da sua função de gestão (Hilt, 2008).

B) Como é que eram geridas as empresas? Tomaremos como ponto de partida o grau de separação que existia entre a propriedade e a gestão. O séc. XIX é ainda hoje um período obscuro em relação a esta questão. Esta parte do projecto irá determinar os factos referentes a Portugal e ainda estabelecer até que ponto a gestão se encontrava então profissionalizada. Seria isso apanágio apenas das economias desenvolvidas? Estas características das empresas serão relacionadas com os seus perfis globais, conforme referido na secção A.

C) Como é que eram controladas as empresas? Nesta secção serão examinadas as regras mais importante da governança empresarial das empresas amostradas. A análise abrange, para cada caso, os estatutos da empresa que estão firmados na lei e os que foram escolhidos livremente pelos seus autores. Destes, os mais importantes e debatidos na literatura referem-se ao conjunto de regras que estabelecem os poderes que os accionistas poderão deter. Existem ainda muitos outros estatutos que também são importantes: regras de transparência e de distribuição dos lucros, o controlo e equilíbrio existente entre a entidade gestora e as entidades de monitorização interna, a dimensão dos conselhos de administração, etc. A parte essencial desta secção é não só realizar um levantamento destas características, mas também relacioná-las de forma causal com a estrutura de propriedade (A), o perfil da firma (A) e o grau de separação da gestão (B).

D) As empresas e o mercado para as suas acções. Esta secção aborda dois aspectos desta relação, nomeadamente a liquidez das acções de uma empresa e o seu desempenho no mercado bolsista. É de uma importância central para se compreender até que ponto se assistiu em Portugal, no séc. XIX, ao desenvolvimento de uma espécie de "capitalismo popular", que terá envolvido um grande número de pequenos accionistas relativamente pouco sofisticados e mal preparados para se tornarem nos pequenos proprietários de grandes empresas. A evolução das cotações nas bolsas de valores e a sua relação com os dividendos e lucros representa uma das facetas desta questão. A possibilidade de transaccionar determinadas acções com facilidade no mercado é outro aspecto extremamente relevante para a tomada de decisão dos investidores com portefólios pequenos e possibilidades reduzidas para diversificarem de forma adequada os riscos.

Objectivos: 
Este projecto tem dois objectivos. Será necessário criar duas bases de dados totalmente novas na área da Historia Empresarial Portuguesa. Uma das bases de dados conterá informação sobre a estrutura de propriedade das empresas, sobre as quais for possível obter dados referentes ao período de 1850-1914. A outra incluirá informação sobre as características fundamentais dos estatutos dessas mesmas empresas; essa informação será organizada em função dos princípios essenciais de governança empresarial. <p>O segundo objectivo consiste em identificar o perfil das sociedades anónimas durante o período de 1850 a 1914. Estas instituições económicas foram concebidas e desenvolvidas para solucionar problemas fundamentais das economias capitalistas, tais como a agregação do capital em projectos grandes e complexos, onde é necessária uma gestão profissional e separada, assegurando ao mesmo tempo um grau de controlo para os detentores deste capital. Investigar este processo numa economia como a portuguesa é uma excelente forma de testar a sua eficiência e adaptabilidade em ambiente sociais e políticos menos adequados à sua implementação.</p><p> </p>
Parceria: 
Unintegrated
Pedro Neves
Coordenador ICS 
Referência externa 
PROJ72/2009
Start Date: 
01/01/2009
End Date: 
01/12/2010
Duração: 
23 meses
Closed