A preocupação com o contrabando, atividade comercial ilícita, adquiriu importância crescente ao longo do século XIX, acentuando-se nas décadas seguintes e especialmente durante a conjuntura da Grande Guerra, constituindo uma das principais preocupações dos países aliados. O conceito foi objeto de discussão nas Conferências da Haia (1899 e 1907) e de Londres (1908-1909). Durante a Primeira Guerra Mundial é criado o bloqueio económico com o intuito de reprimir o contrabando e a circulação de mercadorias com destino ao inimigo e, no contexto português, são implementadas medidas restritivas, principalmente, na intensificação da vigilância na fronteira com a Espanha.
Este livro teve como principal intuito compreender o significado, a importância e o impacto do contrabando, no concelho de Elvas, entre a Primeira Guerra Mundial e o período do pós-guerra (1919-1922). Destacando os atores, as dinâmicas de resistência e repressão, assim como as relações entre o poder central, poder local e contrabandistas, o tema abordado enquadra-se ainda noutra linha temática ligada à ação do corpo da Guarda Fiscal, como entidade responsável pelo controlo e repressão de formas de contrabando, descaminho e transgressões fiscais.
É neste diálogo entre discursos e práticas que a presente obra pretende ser um contributo para a história do contrabando em Portugal durante o século xx e promover a reflexão em torno das lógicas das economias ilegais realizadas em espaços de fronteira., se autodefiniam enquanto definiam os territórios das suas comunidades.