Na segunda metade do século XX, os ciganos de Portugal e Espanha viram as suas formas de vida tradicionais alterar dramaticamente, com a passagem de um nomadismo rural para uma mobilidade suburbana. Sujeitos, objectos e agentes de uma marginalidade sócio-económica estruturante, os ciganos ibéricos assistiram a uma multiplicação de referências identitárias que manipulavam de forma ambígua adjectivos como «raça inferior», «ladrão», «exótico» e «autêntico». Neste processo, um movimento cristão pentecostal carismático – a Igreja Evangélica Filadélfia – implantou-se no seu seio, tornando-se protagonista de uma importante releitura da condição social e cultural cigana. Este livro aborda este processo, tomando como ponto de partida um dos principais marcadores étnicos contemporâneos: a «musica cigana». Nele, o autor descreve como se transformaram através deste movimento religioso e do uso particular da música no seu seio, as categorias identitárias e as noções de história ciganas.