"O que se pode esperar quando sujeitos provenientes de contextos comunitários chamados tradicionais - indígenas, quilombolas e camponeses, dentre outros -, que historicamente foram tomados como ‘objeto’ de interesse pela Antropologia, se fazem presentes na universidade e interpelam a ciência a partir de seus próprios sistemas de conhecimento? A partir da experiência do Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT), no Brasil, este seminário reflete sobre a imbricação entre problemas epistemológicos (referentes à diversidade dos modos de conhecimento) e problemas ontológicos (referentes à diversidade dos mundos vividos), a fim de problematizar não apenas as dicotomias-raiz da tradição científica (natureza/cultura, sujeito/objeto, conhecimento/crença), mas também noções como sustentabilidade, territorialidade e interculturalidade. As análises referem-se tanto à experiência do curso em si - incluindo os constrangimentos institucionais e políticos para experimentações teórico-práticas em chave intercultural no ambiente acadêmico -, quanto à produção intelectual de egressa(o)s do MESPT e as possibilidades dessa produção em termos de reinvenção das formas de fazer pesquisa e elaborar narrativas, da construção de alianças estratégicas e da renovação do pensamento, com efeitos para o alargamento dos horizontes da universidade e da ciência."

Nota biográfica: Mônica Nogueira é doutora em Antropologia Social e professora da Universidade de Brasília, aonde coordena o Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT).