O início de um ano académico é uma boa altura para refletir sobre o futuro. É uma boa altura para olhar para a bola de cristal e assumir alguns riscos nas previsões do que poderá vir a acontecer no futuro do ensino superior. Algumas destas previsões poderão ser baseadas, mesmo que vagamente, em tendências que já se vislumbram. Farei aqui algumas previsões deste tipo. Começarei, no entanto, por apresentar duas ressalvas. Primeiro, reconheço que as previsões baseadas na evidência passada podem vir a revelar-se erróneas quando entra em jogo uma força absolutamente disruptiva, como é o caso de mudanças tecnológicas ou de perturbações macropolíticas associadas ao declínio económico. Não vou tentar antecipar os efeitos de disrupções significativas. Nem sequer a minha bola de cristal é assim tão boa. Segundo, a minha abordagem terá inevitavelmente um enviesamento britânico. Espero que me possais perdoar e preencher as lacunas da minha análise com o vosso conhecimento da situação portuguesa. O que tenho para dizer centra-se em quatro temas-chave: os sistemas universitários de todo o mundo encontram-se em mudança; exige-se cada vez mais às universidades que elas tenham impacto e que o demonstrem; a liderança das universidades terá de mudar; e as ciências sociais encontram-se em risco e terão de dar uma resposta a essa situação. Permitam-me que aborde estes quatro temas, um por um. Os sistemas universitários por todo o mundo encontram-se em mudança
As grandes questões que agora se colocam às universidades são: quem e quantos são os estudantes; quem paga; quem planeia; quem lucra?....