Portugal Social em Mudança 2019 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
V Conclusão Dado que Portugal apresenta um elevado nível de vulnerabilidade às AC, é particularmente pertinente observar os progressos alcançados para cumprir metas que no caso do ODS 13 – Ação Climática permanecem bastante indefinidas. O centro da questão mantém o foco na limitação do aquecimento global que, idealmente, não deveria ultrapassar os 1,5ºC, tendo por referência os valores pré-industriais (IPCC, 2018). Se tal objetivo se mostrava já uma tarefa árdua aquando do Acordo de Paris, a evolução da geopolítica global não augura nada de auspicioso para 2019. No que diz respeito a Portugal, apesar de se registarem progressos importantes no âmbito das políticas climáticas e na produção de energias renováveis, o seu desempenho é mediano, como medianas são, afinal, as posições dos portugueses nesta matéria. Para isso contribui a dependência excessiva da mobilidade rodoviária privada em detrimento de uma rede de transportes coletivos eficiente e limpa. Embora os portugueses mostrem uma elevada preocupação relativamente às alterações climáticas, os dados disponíveis não permitem antever uma forte aceitação pública das políticas climáticas, sobretudo se implicarem constrangimentos económicos. Em Portugal, tal como em muitas outras regiões europeias, a resistência pública a medidas de contenção só abranda na medida da sua contribuição para o crescimento da economia e do emprego. Deste ponto de vista sublinhe-se que, apesar do forte apoio às energias renováveis, a adesão efetiva ao seu uso individual doméstico ainda está longe de se concretizar e as razões para tal prendem-se, acima de tudo, com as tradicionais dificuldades económicas que são reais e que permanecem, mas também com a ausência de informação proativa numa população que padece de uma grave iliteracia energética. Em suma, de acordo com estes resultados, estaremos a atravessar um período de mudança que passa por um consenso generalizado sobre a gravidade do problema das alterações climáticas e a ação climática necessária para lhe fazer frente, mas com incógnitas e interrogações que apontam diferentes caminhos. Esses caminhos decorrerão da cultura, do conhecimento, das condições socioeconómicas e também dos condicionalismos geoclimáticos que na Europa se fazem sentir de forma vincada. Mantendo especificidades que decorrem do que foi dito, em matéria de AC os portugueses comungam hoje com os restantes europeus as mesmas dúvidas, os mesmos valores e, certamente, o mesmo futuro. Eckstein, D., Hutfils, M.L., Winges, M. (2018). Global Climate Risk Index 2019 , Bona: Germanwatch e.V., disponível em www.germanwatch.org/en/cri Guerra, J., Schmidt, L., Lourenço, L. B. (2019). «From Local Agenda 21 to a localized Agenda 2030 – The Portuguese and Brazilian cases in perspective». C ommunity Development: Journal of the Community Development Society, 50 (3), 352-367. Harmeling, S., Röse, M. (2009). Global Climate Risk Index 2010 , Bona: Germanwatch e.V., disponível em www.germanwatch.org/en/cri IPCC (2018). Global warming of 1.5°C. An IPCC Special Report on the impacts of global warming of 1.5°C above pre-industrial levels and related global greenhouse gas emission pathways. Genebra: World Meteorological Organization. Schmidt, L., Ferrão, J., Guerra, J., Mourato, J., Alves, A., Baixinho, A., Ferreira, J. (2015). «Adaptação às Alterações Climáticas nos municípios: um processo de aprendizagem social». In Ambiente, Território e Sociedade: Novas Agendas de Investigação , eds. J. Ferrão e A. Horta. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 125-131. UN Climate Change (2018). Annual Report 2017. Bona: United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC). WMO (2019). WMO Statement on the State of the Global Climate in 2018 – WMO No. 1233. Genebra: World Meteorological Organization. referências bibliográficas 45
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