Travessias do Atlântico: Materialidade, movimentos contemporâneos e políticas de pertença
Travessias do Atlântico: Materialidade, movimentos contemporâneos e políticas de pertença
O projeto visa o estudo de uma dimensão significativa das práticas de cultura material e consumo - a sua capacidade de enquadrar, organizar e, portanto, produzir realidade social - através da análise das atuais travessias do Atlântico entre Portugal e o Brasil. Embora os estudos da cultura material e das migrações contemporâneas sejam muito dinâmicas no quadro das ciências sociais, existe ainda relativamente pouca pesquisa empírica sobre as suas intersecções e efeitos mútuos (Basu e Coleman 2008). No entanto, os deslocamentos de pessoas originam o deslocamento de coisas e implicam necessariamente, além de continuidades materiais, a tarefa de ter que lidar com um novo mundo material e enfrentar novas normas e valores materiais. (2008) Burrell. Este facto afeta, não só as relações entre os que partiram e os que ficaram, como a produção e expressão do "nós" e do "outro" e as modalidades a partir das quais a migração "como processo" quotidiano é experimentado e objetificado. Assim, esta abordagem corresponde a um exercício de reenquadramento da migração e do movimento num exercício de compreensão mais geral da vida coletiva (Castles 2010), através de um foco na materialidade. Aborda-se o tráfico de pessoas e coisas, observando e comparando as suas rotas, temporalidades e padrões, com o objectivo de compreender como os movimentos e as apropriações de objetos trabalham para (co)produzir o terreno complexo e multifacetado das migrações contemporâneas. Ao propor-se "seguir os objetos" (Frykman 2009), a pesquisa tem como objetivo investigar novos ângulos das vidas diárias de quem migra, observar como pertença é gerida e discutir as influências mútuas exercidas por "aqui "e" lá "(Glick-Schiller 2008).
A investigação rege-se pelas seguintes premissas:
a) cultura material e consumo de massa são dimensões fundamentais das sociedades contemporâneas, representando uma ampla fonte para uma pluralidade de práticas significativas, tais como a expressão da identidade e da pertença, a acumulação de recursos, a narração de experiências de vida ou a confirmação do posicionamento ocupado por cada um no mundo;
b) mobilidade e posicionamento são interdependentes; as migrações contemporâneas não correspondem a uma experiência de desenraizamento permanente, mas antes a processos que envolvem constantes reavaliações e reorganizações.
c) a migração é uma experiência complexa e multifacetada, afetando os que viajam, bem como dos que ficam; "aqui" e "lá" constituem contextos igualmente relevantes e devem ser abordados em conjunto.
Assim a principal interroga-se de que se pretende dar conta é a seguinte: como é que a cultura material e o consumo trabalham no sentido de (re)fazer pertenças e avaliar experiências, por parte de quem migra? Ou seja, em que medida as coisas são usadas para gerir relacionamentos e estratégias de posicionamento? Como é a materialidade percebida, ajustada, avaliada e tratada, tanto por aqueles que partem como por aqueles que ficam? Como são se objectificam pertenças e alteridades ? Como caracterizar os caminhos e fluxos de pessoas e coisas e suas interseções? Que lógicas (objetivas e subjetivas) estruturam esses movimentos e estabelecem essas diferenças?
Baseando-se em uma abordagem etnográfica comparativa, precedida por um exercício de contextualização, a pesquisa será realizada em Lisboa, Porto, São Paulo e Rio de Janeiro, envolvendo migrantes recentes portugueses e brasileiros e suas famílias tanto "em casa" como no "exterior".
Cultura material, Movimento, Portugal, Brasil
O projeto visa o estudo de uma dimensão significativa das práticas de cultura material e consumo - a sua capacidade de enquadrar, organizar e, portanto, produzir realidade social - através da análise das atuais travessias do Atlântico entre Portugal e o Brasil. Embora os estudos da cultura material e das migrações contemporâneas sejam muito dinâmicas no quadro das ciências sociais, existe ainda relativamente pouca pesquisa empírica sobre as suas intersecções e efeitos mútuos (Basu e Coleman 2008). No entanto, os deslocamentos de pessoas originam o deslocamento de coisas e implicam necessariamente, além de continuidades materiais, a tarefa de ter que lidar com um novo mundo material e enfrentar novas normas e valores materiais. (2008) Burrell. Este facto afeta, não só as relações entre os que partiram e os que ficaram, como a produção e expressão do "nós" e do "outro" e as modalidades a partir das quais a migração "como processo" quotidiano é experimentado e objetificado. Assim, esta abordagem corresponde a um exercício de reenquadramento da migração e do movimento num exercício de compreensão mais geral da vida coletiva (Castles 2010), através de um foco na materialidade. Aborda-se o tráfico de pessoas e coisas, observando e comparando as suas rotas, temporalidades e padrões, com o objectivo de compreender como os movimentos e as apropriações de objetos trabalham para (co)produzir o terreno complexo e multifacetado das migrações contemporâneas. Ao propor-se "seguir os objetos" (Frykman 2009), a pesquisa tem como objetivo investigar novos ângulos das vidas diárias de quem migra, observar como pertença é gerida e discutir as influências mútuas exercidas por "aqui "e" lá "(Glick-Schiller 2008).
A investigação rege-se pelas seguintes premissas:
a) cultura material e consumo de massa são dimensões fundamentais das sociedades contemporâneas, representando uma ampla fonte para uma pluralidade de práticas significativas, tais como a expressão da identidade e da pertença, a acumulação de recursos, a narração de experiências de vida ou a confirmação do posicionamento ocupado por cada um no mundo;
b) mobilidade e posicionamento são interdependentes; as migrações contemporâneas não correspondem a uma experiência de desenraizamento permanente, mas antes a processos que envolvem constantes reavaliações e reorganizações.
c) a migração é uma experiência complexa e multifacetada, afetando os que viajam, bem como dos que ficam; "aqui" e "lá" constituem contextos igualmente relevantes e devem ser abordados em conjunto.
Assim a principal interroga-se de que se pretende dar conta é a seguinte: como é que a cultura material e o consumo trabalham no sentido de (re)fazer pertenças e avaliar experiências, por parte de quem migra? Ou seja, em que medida as coisas são usadas para gerir relacionamentos e estratégias de posicionamento? Como é a materialidade percebida, ajustada, avaliada e tratada, tanto por aqueles que partem como por aqueles que ficam? Como são se objectificam pertenças e alteridades ? Como caracterizar os caminhos e fluxos de pessoas e coisas e suas interseções? Que lógicas (objetivas e subjetivas) estruturam esses movimentos e estabelecem essas diferenças?
Baseando-se em uma abordagem etnográfica comparativa, precedida por um exercício de contextualização, a pesquisa será realizada em Lisboa, Porto, São Paulo e Rio de Janeiro, envolvendo migrantes recentes portugueses e brasileiros e suas famílias tanto "em casa" como no "exterior".