Polícia urbana em Portugal: história da polícia e histórias de polícias, 1860-1960
Polícia urbana em Portugal: história da polícia e histórias de polícias, 1860-1960
O objectivo deste projecto é esboçar uma história social e institucional da polícia urbana em Portugal entre as décadas de 1860, quando um conjunto de debates em torno da necessidade de um sistema policial moderno e de novas políticas de segurança pública surgiram, e 1960, apogeu e início de declínio do Estado Novo. O projecto visa então estudar a Polícia Civil, criada em 1867, transformada em Polícia Cívica em 1911, e na Polícia de Segurança Pública em 1927. Embora o projecto se concentre principalmente no caso de Lisboa, todo o policiamento urbano em Portugal será considerado. A história portuguesa é notoriamente marcada pela macrocefalia de Lisboa. As políticas de policiamento urbano, o modelo institucional e os recursos humanos disponibilizados foram pensados, implementados e operacionalizados tendo em vista a capital, sendo em seguida estendidos a todo o país. Portanto, através do caso lisboeta é possível inferir as tendências nacionais que foram marcando o policiamento urbano. O projecto define uma agenda de pesquisa centrada na história da infra-estrutura que enquadra a acção da polícia, ou seja, a cultura material, tecnológica, social, antropológica e as condições morais que tornaram possível a efectiva aplicação da ordem pública, o combate ao crime e a manutenção de condições de higiene, saúde pública e de circulação do trânsito. Mesmo não ignorando o papel da política na definição da acção policial, este projecto privilegia perspectivas metodológicas em que a construção do objecto de estudo é feita a partir de baixo para cima. O estudo dos recursos materiais disponíveis para o aparelho de Estado moderno, e a sua transformação nos últimos duzentos anos, tem sido um campo de atenção privilegiada por parte dos historiadores. Este projecto tem a intenção de olhar mais atentamente para a construção e reprodução da ordem do ponto de vista das margens do Estado moderno e dos seus actores. Nos últimos quarenta anos a polícia foi identificada pelos cientistas sociais como uma das principais burocracias de rua (onde o grau de discricionariedade é elevado). Neste sentido, pretendemos considerar essa característica historicamente. Este projecto coloca também ênfase numa visão comparativa, já que a polícia moderna é marcada por uma circulação transnacional de modelos e experiências; enquanto podemos distinguir traços únicos nas diversas histórias nacionais, também podemos observar um processo europeu comum de mudança. Identificar as singularidades e continuidades do caso português no contexto europeu mais amplo (desde a concepção liberal até à transformação autoritária) é um objectivo fundamental para este projecto. A abordagem global é baseada em quatro grandes eixos temáticos: i) a inserção física da polícia e dos polícias na cidade, com o desenvolvimento de estratégias organizacionais específicas (esquadras e patrulhas); ii) o uso da tecnologia nas práticas de policiamento; iii) o lugar de rápidas e radicais mudanças políticas na e da polícia portuguesa; iv) a construção da comunidade sócio-profissional, através da pesquisa das memórias sociais dos polícias. Com estas abordagens, diferentes mas complementares, podemos explorar as múltiplas facetas que englobaram o desenvolvimento da polícia urbana em Portugal. Finalmente, este projecto é concebido como um projecto interdisciplinar, considerando as contribuições da História, Antropologia e Ciência Política, uma vez que através do uso de teorias e metodologias de diferentes campos disciplinares podemos compreender melhor as complexidades envolvidas no fenómeno do policiamento urbano moderno. Este projecto é também visto como um passo na consolidação de um importante campo de estudos em Portugal: em primeiro lugar, porque surge na continuação de um projecto anterior financiado pela FCT (POCTI/ANT/47227/2002) e, em segundo lugar, porque reúne investigadores que nos últimos anos têm pesquisado activamente neste domínio. Uma palavra final nesta introdução apenas para referir que o projecto pretende vir a incentivar uma relação de pesquisa e debate com o Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, através de conferências periódicas. O mesmo poderá vir a ser feito com a Polícia de Segurança Pública através do website sobre a história da polícia portuguesa que pretendemos criar.
Projecto Polícia urbana em Portugal: história da polícia e histórias de polícias, 1860-1960´s - PTDC/HIS-HIS/115531/2009 - Financiado pela FCT
Polícia Urbana,
Ordem e Segurança Pública,
Estado,
Burocracia de Rua
O objectivo deste projecto é esboçar uma história social e institucional da polícia urbana em Portugal entre as décadas de 1860, quando um conjunto de debates em torno da necessidade de um sistema policial moderno e de novas políticas de segurança pública surgiram, e 1960, apogeu e início de declínio do Estado Novo. O projecto visa então estudar a Polícia Civil, criada em 1867, transformada em Polícia Cívica em 1911, e na Polícia de Segurança Pública em 1927. Embora o projecto se concentre principalmente no caso de Lisboa, todo o policiamento urbano em Portugal será considerado. A história portuguesa é notoriamente marcada pela macrocefalia de Lisboa. As políticas de policiamento urbano, o modelo institucional e os recursos humanos disponibilizados foram pensados, implementados e operacionalizados tendo em vista a capital, sendo em seguida estendidos a todo o país. Portanto, através do caso lisboeta é possível inferir as tendências nacionais que foram marcando o policiamento urbano. O projecto define uma agenda de pesquisa centrada na história da infra-estrutura que enquadra a acção da polícia, ou seja, a cultura material, tecnológica, social, antropológica e as condições morais que tornaram possível a efectiva aplicação da ordem pública, o combate ao crime e a manutenção de condições de higiene, saúde pública e de circulação do trânsito. Mesmo não ignorando o papel da política na definição da acção policial, este projecto privilegia perspectivas metodológicas em que a construção do objecto de estudo é feita a partir de baixo para cima. O estudo dos recursos materiais disponíveis para o aparelho de Estado moderno, e a sua transformação nos últimos duzentos anos, tem sido um campo de atenção privilegiada por parte dos historiadores. Este projecto tem a intenção de olhar mais atentamente para a construção e reprodução da ordem do ponto de vista das margens do Estado moderno e dos seus actores. Nos últimos quarenta anos a polícia foi identificada pelos cientistas sociais como uma das principais burocracias de rua (onde o grau de discricionariedade é elevado). Neste sentido, pretendemos considerar essa característica historicamente. Este projecto coloca também ênfase numa visão comparativa, já que a polícia moderna é marcada por uma circulação transnacional de modelos e experiências; enquanto podemos distinguir traços únicos nas diversas histórias nacionais, também podemos observar um processo europeu comum de mudança. Identificar as singularidades e continuidades do caso português no contexto europeu mais amplo (desde a concepção liberal até à transformação autoritária) é um objectivo fundamental para este projecto. A abordagem global é baseada em quatro grandes eixos temáticos: i) a inserção física da polícia e dos polícias na cidade, com o desenvolvimento de estratégias organizacionais específicas (esquadras e patrulhas); ii) o uso da tecnologia nas práticas de policiamento; iii) o lugar de rápidas e radicais mudanças políticas na e da polícia portuguesa; iv) a construção da comunidade sócio-profissional, através da pesquisa das memórias sociais dos polícias. Com estas abordagens, diferentes mas complementares, podemos explorar as múltiplas facetas que englobaram o desenvolvimento da polícia urbana em Portugal. Finalmente, este projecto é concebido como um projecto interdisciplinar, considerando as contribuições da História, Antropologia e Ciência Política, uma vez que através do uso de teorias e metodologias de diferentes campos disciplinares podemos compreender melhor as complexidades envolvidas no fenómeno do policiamento urbano moderno. Este projecto é também visto como um passo na consolidação de um importante campo de estudos em Portugal: em primeiro lugar, porque surge na continuação de um projecto anterior financiado pela FCT (POCTI/ANT/47227/2002) e, em segundo lugar, porque reúne investigadores que nos últimos anos têm pesquisado activamente neste domínio. Uma palavra final nesta introdução apenas para referir que o projecto pretende vir a incentivar uma relação de pesquisa e debate com o Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, através de conferências periódicas. O mesmo poderá vir a ser feito com a Polícia de Segurança Pública através do website sobre a história da polícia portuguesa que pretendemos criar.
Projecto Polícia urbana em Portugal: história da polícia e histórias de polícias, 1860-1960´s - PTDC/HIS-HIS/115531/2009 - Financiado pela FCT