Hipólito José da Costa Pereira tinha 24 anos quando foi enviado pelo secretario de Estado da Marinha e dos Negócios Ultramarinos — D. Rodrigo de Sousa Coutinho — numa missão aos Estados Unidos com o propósito de observar os progressos verificados, neste país, no campo das artes praticas, da agricultura e das manufacturas. Mas, para alem deste objectivo, havia um outro, mais secreto, diríamos mesmo, de espionagem económica, que justificara a viagem: recolher o insecto e a planta da cochinilha, de grande valor para a industria têxtil, criados no México pelos espanhóis e cuja exportação era proibida. Desta missão, alem dos relatórios detalhados enviados para o reino, onde Hipólito procurou conjugar informação teórica com comentários de natureza pratica, resultou um diário de viagem, cujo interesse vai muito para alem das simples descrições ou observações do viajante, já que o autor não se coíbe de tecer extensas considerações sobre questões económicas e monetárias candentes na época.
Tal como a descreve neste seu relato, a sociedade americana parece ter marcado profundamente o jovem Hipólito, determinando as suas reflexões posteriores sobre problemas económicos, comerciais e monetários, que viria a desenvolver nas páginas do Correio Braziliense.