"Ecologias doentias, trabalho precário e pandemia na indústria global de carnes no sul do Brasil"

Seminários GI
Qui . 18 Nov . 11h00 a 13h00
Sala Polivalente e online
"Ecologias doentias, trabalho precário e pandemia na indústria global de carnes no sul do Brasil"
Jean Segata

Seminário do GI Identidades, Culturas, Vulnerabilidades é feito em colaboração com o projecto ERC The Colour of Labour.

Poderá ser assistido presencialmente no ICS, na Sala Maria de Sousa (Polivalente), ou online via Zoom.

O seminário ficará a cargo do antropólogo Jean Segata, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.

 

Link de acesso ao seminário:

https://videoconf-colibri.zoom.us/j/85773370113

 

Ecologias doentias, trabalho precário e pandemia na indústria global de carnes no sul do Brasil

RESUMO: O alto número de casos de Covid-19 entre trabalhadores de frigoríficos no sul do Brasil é o mais novo item da longa lista de problemas relacionados à indústria global de processamento de carnes. Ela já incluía acidentes de trabalho, lesões por esforços repetitivos, exposição a resíduos contaminantes, distúrbios imunológicos e psiquiátricos. Além disso, o trabalho precário, racializado e especista e a produção intensiva de ecologias doentias que alimentam patógenos emergentes completam um cenário de destruição crônica que explora e adoece humanos, animais e ambientes. A situação atual ocasionada pela atividade tóxica do agronegócio sintetiza temas centrais do debate sobre o Antropoceno e ecoa em novas configurações as históricas e devastadoras condições sociais, sanitárias e ambientais que afetaram o Brasil desde os tempos coloniais, incluindo o trabalho escravo das charqueadas, a introdução destrutiva de gado nos pampas e a circulação de doenças, como a cólera e a peste. Ao combinar a etnografia multiespécie e a pesquisa histórica, esta apresentação analisa a ligação entre a exploração passada e atual de humanos, animais e ambientes, a mercantilização da natureza e as catástrofes sanitárias e ambientais que ganham intensidade em geografias desiguais, desde o colonialismo até o agronegócio.

BIO: Jean Segata é doutor em antropologia social e professor adjunto do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Brasil), onde coordena o Núcleo de Estudos Animais, Ambientes e Tecnologias e a Rede Covid-19 Humanidades MCTI. Suas experiências de ensino e pesquisa intersectam saúde multiespécie, antropologia ambiental e da ciência e tecnologia.